Blog ArquitetoExpert

Por que ser arquiteto está tão difícil?

Dedicamos 05 ou mais anos para a formação profissional, sem contar com outros cursos e especializações, esperando ser respeitados como o são os médicos, por exemplo.

Esperamos ser pagos como profissionais bem qualificados que somos, que exercem um trabalho intelectual e técnico de grandes responsabilidades.

Porém, isso raramente acontece… Quais as razões disso?

Quais as razões para:

– Trabalharmos tão duro e sermos tão pouco valorizados, sendo tratados como uma mercadoria barata;

– Precisarmos ficar justificando aos clientes nossos honorários, ainda que tais honorários estejam abaixo do real valor do projeto;

– Termos clientes que levam elementos do nosso projeto para o concorrente, reduzindo o preço e a qualidade do nosso trabalho;

– Construtores, imobiliárias e clientes acharem que devemos largar tudo que estivermos fazendo para atravessar a cidade e dar-lhes conselhos de graça;

– Os proprietários de obras muitas vezes darem mais ouvidos a empreiteiros ou trabalhadores do canteiro de obras do que a nós.

Refletir sobre quais as razões para tudo isso e tomar atitudes para mudar essa situação foram os maiores motivos pelos quais eu fundei o site Arquiteto Expert.

Devemos ir contra a ignorância. Devemos mudar a mente dos nossos clientes!

cansada
“Oh… Eu deveria ter feito outra faculdade!”

De acordo com os resultados desta pesquisa realizada pelo architectsjournal.co.uk, que pesquisou 2.031 adultos no Reino Unido, 70% das pessoas desconhecem as atribuições profissionais de um arquiteto.

Eu imagino (e certamente você deve estar pensando o mesmo) que no Brasil a coisa deve ser ainda pior…

Podemos culpar o cliente e a sociedade em geral por esta situação. Ou podemos culpar a nós mesmos e tomar atitudes para mudar o jogo.

Precisamos educar o público!

professor
“O negócio é o seguinte…”

É claro que não seremos capazes de educar todo mundo. Por outro lado, podemos ter certeza do conhecimento passado a cada pessoa à qual ensinamos a verdadeira função do arquiteto e seu importante papel na sociedade.

Com o surgimento do CAU, algumas coisas melhoraram. Pelo que percebo, o CAU está trabalhando no sentido de valorizar nossa profissão. Porém, isso não basta.

Temos que fazer a nossa parte. Cada arquiteto tem essa obrigação consigo mesmo e com seus colegas de profissão. Juntos somos um exército e nossa batalha é contra a ignorância!

Problemas e soluções

Somos inteligentes e criativos, mas somos péssimos em fazer nosso marketing. Precisamos começar a nos comunicar da maneira certa para que nos compreendam. Temos que aprender a comunicar o real valor dos nossos serviços de uma maneira fácil de entender.

Devemos lembrar que, na maioria das vezes, não estamos lidando com outros arquitetos ou engenheiros, e sim com leigos.

É preciso adequar sua linguagem ao seu público. Coisas que podem parecer óbvias demais para você muitas vezes não estão claras para o cliente.

Precisamos utilizar linguagem simples, e não termos técnicos complicados.

Para exemplificar, vou contar uma breve história…

Há pouco tempo estava eu, cheio de razão e confiança, apresentando o funcionamento de uma planta baixa para um cliente. Eu falava sobre a funcionalidade, sobre o padrão estético e sobre incríveis sensações que aquela configuração iria provocar quando construída. E ele concordava, movendo cabeça afirmativamente.

Quando eu acabei a apresentação, que durou cerca de vinte minutos, ele me perguntou: Qual parte do desenho é parede, e onde ficam as janelas?

Ou seja, ele não estava entendendo o que eu apresentava, pois não sabia “ler” uma simples planta baixa, mas fingia que concordava pois estava com vergonha ou medo de se intrometer durante a apresentação. Imagine só a angústia daquele indivíduo durante os 20 minutos da minha apresentação em que ele ficou boiando. Erro meu.

Muitas vezes nos perdemos nos deleites estético-funcionais e acabamos não conseguindo comunicar os benefícios do nosso trabalho para o cliente.

Mas a culpa não é apenas sua! Claro que não.

Fomos ensinados desta forma. Nos ensinaram a fazer projetos e nos fizeram acreditar que o público em geral sabe reconhecer o real valor de um bom projeto de arquitetura. Nos graduamos e somos despejados no sistema totalmente despreparados para lidar com um mercado onde infelizmente o dinheiro reina absoluto.

É… Fomos deixados de lado e os tempos são difíceis.

A boa notícia é que muitos arquitetos estão lutando e conquistando seu espaço e reconhecimento. Você pode fazer o mesmo a partir de agora! Como?

  • Não reduzindo valores de honorários para conquistar contratos que não valem a pena. Sempre haverá alguém para cobrar menos. Isso é prostituição.
  • Não sendo reconhecido como o mais barato, e sim como o que mais gera valor aos clientes.
  • Não prestando serviços de graça para “clientes” aproveitadores.
  • Valorizando-se primeiro, então outros poderão seguir o seu exemplo.
  • Acreditando e confiando na qualidade do trabalho que você entrega, não subestimando o seu potencial. Você vai se surpreender com o que é capaz de fazer.
  • Comunicando os benefícios de seu serviço ao cliente de uma forma simples e fácil de compreender.

É realmente simples, mas não é fácil.

A mudança tem que começar em você. O primeiro passo para o sucesso é você decidir que vai alcançá-lo e vai lutar arduamente para conquistá-lo. Não adianta ficar só reclamando. É preciso atitude!

Eu acredito de verdade nos arquitetos e na arquitetura como um estilo de vida. Eu sei que somos capazes de fazer o que amamos e ser muito bem pagos para isso. Basta fazer as coisas com objetividade, competência e integridade.

Sempre haverá espaço para os bons profissionais.

Eu estou nesta luta e não vou desistir! Você está disposto a levantar esta bandeira comigo?

Na sua opinião, qual é o maior problema e qual a solução?

Deixe abaixo seu comentário!


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Imagens: Creative Commons

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Respostas de 19

  1. sou conselheiro federal do CAU/BR, deixo aqui a meu apoio na valorização da arquitetura e urbanismo e o CAU sempre está na luta pelo reconhecimento de valor de nossa profissão de arquiteto e urbanista pelo nosso país, não é uma luta fácil, mas aos poucos estamos mudando paradigmas. O CAU está à disposição sempre.

    1. É bom sabermos que temos o apoio institucional do CAU, Sanderland! Eu particularmente percebi diversas melhoras após a migração do CREA. Temos muito caminho pela frente ainda, e todos nós temos que fazer nossa parte. Muito obrigado pelo seu comentário!

  2. A melhora para a vida profissional do arquiteto e um caminho longo mais que e possivel ser alcançado, ainda mais com faculdades que so distribuem diploma mais nao formam verdadeiros arquitetos, consequencia disso sao arquitetos cobrando por projetos com preços que nao tem como competir, e com essa crise os clientes estao atras de preços infelizmente, cabe a nós demonstrar que um projeto vai mais doque um preço, vai confiança acima de tudo… luta dificil mais nao impossivel.

    1. É isso mesmo, Douglas. Mas acredito que, com a situação econômica atual, acima da questão de preço do projeto, o bom cliente está em busca de profissionais que passem confiança e credibilidade, pois não querem arriscar seu investimento em algo incerto. Em época de “vacas gordas” a exigência por qualificação acaba sendo menor, devido à alta demanda, e muitos profissionais que fazem um trabalho barato e de baixa qualidade acabam sendo contratados. Na minha opinião, a crise acaba sendo mais dura com os profissionais pouco qualificados, bem como gera oportunidades para os profissionais bem preparados. Um grande abraço! Obrigado pela sua participação!

  3. Sabe , acho que educar o cliente é a chave de tudo mesmo !!! Pode parecer besteira mas, já vi algumas poucas vezes anúncios em rede de tv , de alguns sindicatos e conselhos , sobre contratar um advogado ou vá a um médico etc…. Penso que se o CAU tivesse a ousadia de marcar um ponto a nosso favor dentro da educação do cliente ele faria uma publicidade bem bacana falando da gente pra toda a sociedade. E acho também que deveria fazer a gentileza de nos honrar com uma tabela de honorários mais simplificada onde qualquer leigo , como por exemplo um cliente , pudesse acessar e constatar que nosso valor está absolutamente dentro dos padrões que regem nossa profissão ! Facilitaria uma grande parte de nossa força trabalhadora meus caros colegas !!! Fica a dica !!! 😉

    1. É verdade, Jaqueline, tornar o cliente mais consciente é um dos pontos chave, com certeza. Sobre o nosso Conselho, acho que o melhor é eu convidar alguém do CAU para se pronunciar aqui, talvez o próprio Sanderland, que comentou acima, para esclarecer com mais propriedade quais as providências que o CAU tem tomado nesse sentido de educar o público.

      Sobre a tabela de honorários, se percebe que ela demandou muito trabalho e dedicação pra ser elaborada, mas concordo que realmente é meio complicada para os leigos.

      Muito obrigado pelo seu comentário, Jaqueline!! Continue com a gente participando das discussões, que assim podemos produzir material cada vez melhor direcionado aos arquitetos. Um abraço! 🙂

      1. Boa tarde!! Terminou meu mandato de conselheiro federal do Cau/Br mas encaminharei os questionamentos a Comissão de políticas profissionais do CAU/BR deste triênio 2018-2020. Ass:Sanderland.

  4. Não adianta este choramingo. O mercado é lei da oferta e da procura. Existem 1000 arquitetos para 10 projetos e o resultado são preços baixos. Existem outros caminhos sem ser “projetos”.

  5. No início da profissão o Arquiteto tem muita dificuldade para conseguir fazer seus primeiros projetos, além do mais quando o cliente sabe que trata-se de um recém formado. Tentam desvalorizar o então jovem arquiteto. Também vejo no dia dia que é preciso ter habilidades extras para desenvolver com excelência a atividade de arquitetura, estou me referindo ao DNA de empreendedor, que infelizmente não é ensinado na faculdade.

  6. Acredito que parte deste problema se deve ao fato de estarmos produzindo “mais do mesmo”, o sistema construtivo é o mesmo de décadas atrás, assim o conhecimento se dissemina para toda os lados e de qualquer maneira, atrelado a falta de ética que sempre atrelada a profissão, que foi nos rebaixando ao longo do tempo.

  7. Eu acho que a inconstância da profissão é o pior problema que o arquiteto enfrenta.
    Ser valorizado ou não, ou coisas do gênero, isso depende muito..se você acha que não está, esta trabalhando para o publico alvo errado. Eu mesmo projeto e construo, fecho o formato Turn Key e valorizo muito a forma como ganho, o problema é que tem muito profissional que so fica amarrado no projeto, abre escritorio e espera o cliente chegar.
    O maior problema do arquiteto é que ele tem na maioria das vezes um nicho que parece grande mas no fundo é pequeno, por exemplo, um administrador trabalha em qualquer lugar, qualquer fundo de quintal precisa de um, uma pessoa de DP, um dentista todo mundo consertar os dentes, um medico toda hora ta nascendo, morrendo gente e ele tem trabalho…diferente do arquiteto e do engenheiro que depende de economia, depende de momento e ele so fica amarrado numa segmentação..construir, reformar..não é qualquer esquina que ele arruma um trabalho. Muita gente que se formou comigo sequer teve a oportunidade de exercer a profissão e tem muito arquiteto parado que na sorte trabalha em 2..3 projetos por ano..as coisas estão mudando, a forma de captação de clientes esta mudando, hoje com a tríade google ads, Instagram e facebook é possivel captar clientes..o perfil do cliente esta mudando, ja fui olhar obra de 7 digitos para um amigo que captou cliente por google…as ferramentas estão melhores..ja vi muitos casos de amigos que abriram escritorio e ficavam na frente do computador e tirando foto esperando o cliente chegar, não vai acontecer..é montar portifolio, é divulgar no facebook, instagram…fazer links patrocinados, é fazer estudos ate de projetos fictícios pra montar imagem, conceito.
    A arquitetura em si é dificil de trabalhar pela inconstância da carreira mas trabalhando certo da pra sobreviver, tive amigos no periodo da crise fazendo 10 obras em um ano..é meter as caras e abrir o leque de opções.

    1. Concordo com você, Diego. Falo muito sobre a nova forma de fazer marketing e captar clientes em meus materiais, usando todo este arsenal de ferramentas que temos disponíveis hoje em dia. Abraços e obrigado por colaborar!

  8. Boa tarde! Gostei muito deste artigo e dos comentários! Gostaria de acrescentar uma coisa – não sei se vão concordar comigo! A respeito da educação do público e do cliente com relação à profissão e serviços prestados pelo arquiteto, principalmente na área de projeto e execução – não seria importante, também, educar os próprios profissionais da construção, os pedreiros, auxiliares, etc.? Percebo que os profissionais também não valorizam o serviço do arquiteto, e, quando são chamados ou contratados para fazer uma obra, eles sequer perguntam ao cliente se para aquela obra tem projeto!… Na minha opinião, os pedreiros e empreiteiros deveriam ser os primeiros a questionar os clientes leigos, quando forem contactados para executarem uma obra, seja de reforma ou construção nova, sobre a existência de projeto executivo e da presença de um arquiteto ou engenheiro. E até mesmo não aceitarem executar a obra sem ter projeto!… Sei que isto soa um tanto utópico!… Mas acho que deveria acontecer isto! Concordo que a culpa é nossa, mesmo, ao não valorizar nosso serviço!… Mas deveríamos, também, fazer um trabalho de orientação e educação junto aos demais profissionais executores de obra. Acredito que, se esses profissionais valorizassem nosso trabalho, consequentemente toda a sociedade, aos poucos, também passaria a conhecer, valorizar e respeitar o trabalho de um arquiteto e engenheiro! Essa é minha opinião! Obrigado!

    1. Verdade, José. Um tanto utópico, como você mesmo disse, mas concordo. A mão de obra na construção civil (sem generalizar) não é qualificada, infelizmente. Na minha cidade há um centro de formação de pedreiros do Sinduscon, uma ótima iniciativa.

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