Como funciona a Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial, também conhecida como IA ou AI (do termo em inglês Artificial Intelligence) é uma tecnologia de vanguarda que permite que máquinas e programas de computador aprendam com a experiência, se adaptem a novas situações e realizem tarefas que geralmente requerem inteligência humana, como interpretação de imagens, raciocínio, aprendizado e tomada de decisão.
Seu trabalho é baseado no uso de algoritmos avançados que possibilitam o processamento de uma quantidade gigantesca de dados de forma muito mais rápida e inteligente do que qualquer ser humano é capaz. Através de um processo de retroalimentação chamado machine learning, ou aprendizado de máquina, o software analisa o seu próprio funcionamento e desempenho, visado adquirir mais e mais habilidades a cada ciclo de operação.
É isso mesmo… um sistema computacional automatizado que aprende “por conta própria”. Quanto mais ele é usado, mais inteligente e capaz de resolver problemas complexos ele fica.
A Inteligência Artificial já está sendo usada na arquitetura?
Sim, cada dia mais. Nos últimos anos, ela tem se tornado a nova febre no mundo da arquitetura.
Estamos entrando na era dourada da Inteligência Artificial, não apenas na arquitetura, mas em todas as áreas: escrita, música, software, ciência… É um marco histórico da humanidade e temos o privilégio de estar vivenciando essa transformação.
A IA está cada vez mais presente em várias áreas da nossa vida (vide atualmente a modinha viral do Lensa, ChatGPT, etc.) e a arquitetura não poderia ficar de fora. A utilização da IA nos projetos de arquitetura pode trazer inúmeros benefícios, tanto para os arquitetos quanto para os proprietários das edificações. Em seguida falarei mais sobre eles.
Existem diversas tecnologias abaixo do guarda-chuva da IA. Vejamos algumas das principais:
- As redes neurais: são uma forma de aprendizado de máquina composta por unidades interligadas semelhantes aos neurônios do cérebro humano, que possuem a capacidade de analisar grandes conjuntos de dados repetidamente para encontrar associações e interpretar o significado de dados não definidos.
- O deep learning: é uma abordagem de aprendizado de máquina inspirada no cérebro humano e emprega enormes redes neurais artificiais para processar informações, descobrir conexões entre dados, aprender com modelos complexos, entre outras coisas.
- A aprendizagem automatizada: é o campo da inteligência artificial que se dedica ao estudo, construção e aplicação de algoritmos que permitem que os sistemas computacionais aprendam e façam previsões de forma automática, a partir de um conjunto de dados de entrada e diminuindo erros a cada etapa de aprendizado.
- A visão artificial: representa a habilidade de revisar e interpretar o conteúdo de uma imagem através de reconhecimento de padrões e aprendizado profundo. Graças à visão computacional, os sistemas inteligentes são capazes de capturar imagens ou vídeos em tempo real, identificar os elementos dos dados visuais e interpretar o ambiente ao redor.
- A computação cognitiva: é uma área da inteligência artificial que busca alcançar uma interação natural entre seres humanos e máquinas, permitindo que os computadores imitem a forma como o cérebro humano funciona ao realizar tarefas complexas.
Quais os potenciais benefícios da IA no mercado de arquitetura e da construção civil?
Um dos principais benefícios da IA na arquitetura é a agilidade e precisão no processo de projeto. Com o uso de algoritmos e ferramentas de IA, os arquitetos conseguem analisar e simular diferentes opções de projeto de maneira muito mais rápida e precisa do que se fizessem isso manualmente. Isso permite que os projetos sejam aperfeiçoados e otimizados antes mesmo de serem construídos, o que pode trazer economia de tempo e recursos.
Outro ponto positivo da IA na arquitetura é a possibilidade de se criar projetos ainda mais específicos e personalizados para cada cliente. Com o uso de ferramentas de Inteligência Artificial, é possível coletar dados sobre os gostos, estilos, necessidades e desejos dos clientes e utilizar tais dados para criar projetos totalmente personalizados e adaptados às suas necessidades. Mais rapidamente e com maior precisão do que qualquer ser humano é capaz. Isso reduz o retrabalho e a perda de tempo, evitando o desgaste entre arquiteto e cliente, e gerando economia financeira.
Além disso, a Inteligência Artificial também pode ser utilizada para aumentar a eficiência energética das edificações e a garantir a melhoria das mesmas em termos de sustentabilidade ambiental. Através de algoritmos e simulações, é possível analisar e otimizar o uso de luz, ventilação, resfriamento e aquecimento, para garantir o máximo de eficiência energética possível. Isso pode trazer economia de recursos para os usuários e também contribuir para a preservação do meio ambiente.
Além dos benefícios citados acima, existem inúmeras outras possibilidades do uso da Inteligência Artificial na Arquitetura.
Já existem ferramentas digitais capazes de gerar estudos de projetos antes inimagináveis, alguns feitos apenas a título de arte ou conceito, com aspecto surreal (como este acima feito com o software Midjourney), mas outros com possibilidades reais de serem edificados.
E tudo isso de forma incrivelmente rápida e simples se compararmos com a complexidade de fazer um projeto “à moda antiga”, devido à mãozinha santa da Inteligência Artificial, que pode fazer a maior parte do trabalho por nós.
São softwares com um banco de dados brutal, com imagens de tudo que é tipo de coisa. E então você pode, a partir de um simples comando de texto, pedir para que o programa gere imagens deste ou daquele aspecto. Você vai dando novos comandos e pedindo ajustes escrevendo de uma forma muito simples e informal, sem necessidade de conhecimentos de programação computacional nem nada do tipo.
Por exemplo, lá no banco de dados do sistema existem imagens de cachorros, pontes, rios, árvores, ruas, carros… E você pode pedir que o programa faça um 3D de uma edificação misturando tudo isso.
Segundo Kory Bieg, em um artigo para o site Archpaper:
A IA preenche qualquer coisa que você deixou de fora do texto com elementos relacionados aos objetos e parâmetros que normalmente estariam associados ao conteúdo fornecido. Então, se você esquecer de incluir “portas” e “janelas”, a IA provavelmente as adicionará para você. Por outro lado, se você quiser exercer um pouco mais de controle ou substituir portas por colmeias, basta adicionar mais detalhes ao prompt – cor, material, ambiente, humor, visão, iluminação, proporção de imagem ou até mesmo estilo – e rodá-lo novamente. Faça isso várivezes (eu descobri que quanto mais aumento de resolução e variação, melhor) até alcançar um resultado que te surpreenda. Ou, se esse tópico específico não estiver te agradando, digite algumas palavras a mais e comece com a sua próxima cocriação.
Ele também comenta para termos cuidado, pois esses programas são altamente viciantes! Use por sua conta e risco =)
Alerta: podem sair coisas bizarras! Mas… se você quiser, é possível criar projetos bem realistas. Veja alguns exemplos abaixo.
Dicas práticas para você começar a usar IA em seus trabalhos:
- Utilize ferramentas de simulação e otimização: existem várias ferramentas disponíveis no mercado que utilizam algoritmos de IA para analisar e otimizar projetos de arquitetura. Essas ferramentas podem ajudar a identificar problemas e soluções de maneira mais rápida e precisa.
- Utilize chatbots ou assistentes virtuais para a troca de informações: essas ferramentas podem ser muito úteis para facilitar a comunicação entre os diferentes profissionais envolvidos no projeto. Elas podem ajudar a evitar atrasos e garantir a troca rápida de informações e documentos.
- Utilize a IA para criar projetos personalizados: existem ferramentas de IA que permitem coletar dados sobre os gostos, necessidades e desejos dos clientes e utilizá-los para criar projetos totalmente personalizados e adaptados às suas necessidades. Isso pode trazer mais satisfação e felicidade para os proprietários da edificação.
- Utilize a IA para aumentar a eficiência energética: através de algoritmos e simulações, é possível analisar e otimizar o uso de luz, ventilação e aquecimento para garantir o máximo de eficiência energética possível. Isso pode trazer economia de recursos e contribuir para a preservação do meio ambiente.
Entre diversas outras possibilidades, como a integração com BIM, projetos generativos, experiências imersivas com realidade aumentada, metaverso, domôtica (integração da IA com tecnologias IoT para edifícios inteligentes), etc.
Algumas plataformas que podem ser usadas
Para os arquitetos, engenheiros e designers de interiores interessados em utilizar a IA em seus projetos, existem diversas plataformas e ferramentas disponíveis no mercado.
- DALL-E, MidJourney e Stable Diffusion: softwares deep learning que usam o conceito “texto para imagem”, onde você escreve o que deseja que seja gerado em forma de imagem.
- Maket
- EasyRender
- AIrBIM
Essas são apenas algumas das muitas opções disponíveis no mercado. É importante pesquisar e avaliar qual é a ferramenta mais adequada para suas necessidades e objetivos profissionais. Com um uso responsável e consciente, a IA pode ser uma excelente aliada para auxiliar os arquitetos na criação de edificações, espaços urbanos e ambientes como um todo. Se você conhece outras, comente aqui embaixo do post a sua experiência com elas!
Existe a possibilidade da IA substituir o trabalho dos arquitetos, e estes ficarem sem emprego?
Agora vamos à uma questão delicada…
A inteligência artificial (IA) pode ter (e terá!) um impacto significativo na indústria da arquitetura, mas é improvável que substitua completamente o trabalho dos arquitetos.
Enquanto é verdade que algumas tarefas específicas, como a geração de alguns tipos de projetos ou o cálculo de quantitativos de materiais, podem ser automatizadas por meio de IA, há muitas outras atividades que exigem o julgamento humano e a criatividade que os arquitetos trazem para o trabalho.
Mas a IA pode (e vai) mudar a natureza do trabalho dos arquitetos e alterar a forma como realizamos nossas tarefas.
Por exemplo, os arquitetos podem ser responsáveis por supervisionar ou integrar ferramentas de IA em seus projetos, ou podem se concentrar mais em tarefas que exigem criatividade e pensamento crítico.
Em suma, em vez de substituir os arquitetos, é mais provável que a IA trabalhe junto com eles para tornar o processo de projeto e construção mais eficiente, criativo e preciso. É importante que os arquitetos estejam atentos às novas tecnologias e estejam abertos a aprender sobre elas para poder aproveitar ao máximo os recursos que elas oferecem.
Não adianta reclamar e ir contra. Este é um caminho sem volta. Descubra as novas possibilidades e adapte-se, pois ao mesmo tempo que portas se fecham, muitas outras oportunidades se abrem.
Segurança e Privacidade
Outro aspecto importante a ser considerado na utilização da IA nos projetos de Arquitetura é a segurança e privacidade dos dados. Como a IA depende de grandes quantidades de dados para funcionar corretamente, é fundamental garantir que esses dados estejam protegidos e sejam utilizados de maneira ética e responsável. Além disso, é preciso levar em conta as questões de privacidade dos usuários das edificações e garantir que os sistemas de IA não estejam violando essa privacidade de maneira indevida.
Para garantir a segurança e privacidade dos dados, é preciso investir em medidas de segurança eficazes e adotar políticas claras e transparentes para o uso da IA. Além disso, é importante que os arquitetos e outros profissionais envolvidos no projeto estejam conscientes das questões éticas e de privacidade envolvidas na utilização da IA e estejam prontos para enfrentar possíveis desafios e dilemas éticos que possam surgir.
Espero que você tenha gostado do artigo. Não deixe de fazer seu comentário abaixo, dando suas opiniões ou sugestões.
Um grande abraço e até mais!
Paulo Mezzomo
Mais conhecimento sobre o tema
Vou deixar aqui alguns links interessantes de vídeos para você se aprofundar no assunto e em temas relacionados.
Realmente é viciante, viu?! Depois não diga que eu não avisei…
Eu mesmo, para aprender mais sobre as ferramentas e escrever este post com mais propriedade no assunto, passei horas e horas “brincando” nas ferramentas. Mas valeu a pena 🤣